À conversa com Marko Rosalline
À conversa com Marko Rosalline
'O design está ligado à personalidade, à voz, à definição daquilo que constitui e define uma marca. [...] Passa pelo equilíbrio de todas as ideias intangíveis associadas ao projeto, e pela forma como estas se compõem e existem no output [...] para atingir o máximo impacto, relevância e intemporalidade'
Gostaríamos de o conhecer melhor, por isso pergunto: quem é Marko Rosalline?
Nunca é fácil falar em nome próprio. Não costumo falar de mim, mas tentando responder à questão, diria que – e isto é certamente o mais relevante – sou fundador da Deadinbeirute™, um estúdio de design independente que desenvolve projetos e ideias através das diversas disciplinas (visuais) do design. Sou designer, formado na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, pai, curioso, sonhador e apaixonado pela beleza da vida e pelo conhecimento (em todas as suas dimensões). Nasci na Alemanha, numa cidade chamada Osnabrück, mas vivi a minha infância no litoral Alentejano e estudei em Almada durante a minha adolescência. O início da minha carreira na área pautou-se por algumas experiências em pequenos estúdios de design e também como freelancer em design gráfico. Dessa atividade, enquanto freelancer, nasceu a Deadinbeirute™, primeiro como uma experiência a solo e depois, a partir de 2010, como empresa/estúdio.
O que é isso de “storytelling” e “trabalhar ideias”?
Uma ideia é algo que precisa de definição e de concretização, para que passe a existir. Por norma, aquilo que nos chega é uma vontade, uma necessidade ou um problema, assentes numa ideia que necessita de ganhar forma através de um processo de design. Como criativos, criadores, ou designers, cabe-nos, na maioria das vezes, definir todo o processo de materialização dessa ideia. O design está ligado à personalidade, à voz, à definição daquilo que constitui e define uma marca (um serviço ou mensagem). Quando uma marca ou uma organização nos procura, queremos sempre entender quem, como, quando, quanto, para quem, porquê e de que forma. Definimos um caminho claro, através de ideias claras, fechadas, daquilo que o projeto será e do resultado que ambicionamos. É da ideia que partimos sempre.
Por outro lado, relatamos de forma automática, em formato de história ou de descrição, tudo aquilo que vivemos e sentimos. Na arte este elemento é ainda mais visível. A história passa, no processo de design, pela contextualização, pelo enquadramento, pelo equilíbrio de todas as ideias intangíveis associadas ao projeto, e pela forma como estas se compõem e existem no output. Quando se pretende atingir o máximo impacto, relevância e intemporalidade, o projeto tem apresentar um output suportado por uma estrutura conceptual sólida, lógica, e ser capaz de se transformar, de se adaptar, sem nunca perder a originalidade e a sua estrutura existencial. Sem perder a sua personalidade. O que o define. Sem perder a capacidade de ser lido e reconhecido pelos outros. É fácil entender se reconhecermos a sua “história”, o seu contexto, o seu enquadramento, a sua importância. Estes são sempre o resultado de um processo profundo, onde o storytelling se torna no veículo mais poderoso. Esta é a parte mais importante do nosso processo.
Qual foi a ideia ou inspiração para o desenvolvimento do novo site da BETAR?
O website da Betar foi criado a partir da ideia simples de servir, de forma eficaz e inspiradora, a sua audiência. Considerando que estamos a falar apenas de uma ferramenta – e não de um processo de identidade – a inspiração e as soluções definidas partiram sempre dessa ideia de eficácia e correspondência às necessidades inerentes e preocupações que nos foram apresentadas. A identidade da Betar, já existente e definida, serviu de base para todas as decisões visuais, sendo a nossa tarefa (mais concreta) a de complementar, de forma coerente, essa identidade existente, definindo a sua presença digital em formato de website.
Foram premiados no German Designs Award Special 2019; nos Prémios M&P Design 2021 e no Festival Clube Criativos de Portugal, também em 2021. Como encaram estes reconhecimentos?
Estes reconhecimentos mostram-nos que a nossa estratégia e forma de encarar cada projeto está alinhada com a indústria e com os resultados mais relevantes. Mostra-nos que o nosso processo e resultados se destacam e produzem lastro, ressonância e relevância para os nossos clientes e para as suas audiências. Na Deadinbeirute™ acreditamos que o crescimento deve ser progressivo para se tornar consistente. O tempo é a chave que abre a porta aos melhores resultados. Acreditamos que os projetos, para se tornarem relevantes, são expostos às leis do tempo. Que o crescimento técnico é contínuo e não pára. Que o crescimento intelectual é fruto do estudo permanente. Estamos neste caminho de crescimento progressivo há cerca de 10 anos. Já conquistámos alguns prémios, o que é importante para nós, mas é especialmente importante para os projetos e para os resultados. Os projetos precisam de tempo para serem pensados e bem executados. Para excederem as expectativas, atingirem a intemporalidade e terem impacto. Os prémios trazem a capacidade de exigirmos mais de nós, dos nossos resultados e dos nossos clientes. Justificam a necessidade de termos o tempo certo alocado a cada projeto. Essa é a sua verdadeira importância.
Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #138, de Fevereiro de 2022
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