À conversa com Arq.º Rodrigo Sampayo
À conversa com Arq.º Rodrigo Sampayo
'Brandchitecture assenta na filosofia de que uma organização de sucesso é sustentada por equipas motivadas. É com esta visão que a OPENBOOK tem desenvolvido projetos que refletem o ADN dos seus clientes'
Gostaria que começasse por falar do início do seu percurso.
Quando terminei o liceu pensei em ir para arquitetura, mas como sempre gostei muito de tecnologia, e também por influência familiar, acabei por ir para o Instituto Superior Técnico. Rapidamente me apercebi que tinha feito uma má opção e mudei para arquitetura. Fiz todo o curso a trabalhar e no 4º ano surgiu a oportunidade de me juntar ao João Cortes e a outro colega para criarmos juntos um pequeno atelier, com um projeto que nos foi entregue pelo antigo Presidente da Câmara de Lisboa, Dr. Nuno Krus Abecassis. O projeto foi a Fundação Cidade de Lisboa no Campo Grande.
Em 2007 fundou a OPENBOOK Architecture, com João Cortes. Com que propósito e perspetivas começou este projeto?
O João Cortes tem-me acompanhado ao longo de toda a nossa carreira profissional. Em 2007 chegámos à conclusão de que a nossa visão para a arquitetura passava por um projeto diferente, mais empresarial, onde os arquitetos se dedicassem à arquitetura, deixando toda a atividade administrativa e de gestão para os especialistas. Daí surge a criação da OPENBOOK, à qual se vieram juntar o Pedro Pires e o Paulo Jervell. Houve também uma visão estratégica ligado ao tema do BIM, que nos fez tomar um caminho diferente. Na altura, a minha equipa e a do João foram pioneiras na utilização dessa tecnologia, desde 2003.
Dois anos depois, já estavam a expandir-se para o Brasil e hoje OPENBOOK é um atelier de arquitetura multidisciplinar, com 46 pessoas. Em que consiste a vossa visão estratégica?
A nossa visão estratégica consiste em fornecer aos nossos clientes um serviço da maior qualidade e o mais completo possível, que seja um valor acrescentado, pelo que desenvolvemos um conjunto de competências muito abrangentes. Essas competências vão desde o apoio à decisão como consultores, desenvolvimento dos projetos, até ao interiorismo e decoração dos espaços, esta última através da NOBK, marca criada em janeiro de 2021 para o efeito.
Definem-se pelo conceito inovador de “Brandchitecture”. Quer explicar esta filosofia
Brandchitecture é uma metodologia da OPENBOOK para o desenvolvimento de projetos de arquitetura corporativa, aplicando as mais recentes tendências estéticas e funcionais do setor. O processo assenta na filosofia de que uma organização de sucesso é sempre sustentada por equipas motivadas e envolvidas. Neste contexto, a otimização e valorização humanista dos espaços de trabalho são alguns dos elementos fundamentais para a promoção de ambientes de elevada produtividade. O processo é sustentado por uma análise da cultura, da visão, dos valores, da marca, das formas de interação humana, do modo de funcionamento operacional, dos objetivos de desempenho e das metas financeiras. É com esta visão holística que a equipa da OPENBOOK tem desenvolvido projetos que refletem a criação de espaços de trabalho com o “ADN” dos seus clientes.
Passemos da filosofia, às provas dadas. A OPENBOOK já desenvolveu muitos projetos de referência, designadamente escritórios, que pretendem potenciar o bem-estar dos colaboradores e a produtividade. Pode desenvolver?
Diria que os nossos projetos são, acima de tudo, pensados para ir ao encontro das necessidades de quem habita os espaços que desenhamos. Na área corporativa, as tendências atuais estão muito focadas na flexibilidade dos espaços e na performance e bem-estar das pessoas. Os novos escritórios são espaços cada vez mais preparados para modelos híbridos de trabalho, resultantes dos modelos adotadas durante a pandemia e que em muitos casos se irão manter. Espaços que privilegiam o trabalho colaborativo e os espaços sociais, e estão focados em criar as condições ótimas de bem-estar e produtividade. Mais do que nunca, os escritórios procuram ter espaços atrativos, idealmente com zonas verdes e áreas de lazer. Um exemplo que gostamos de dar é o da renovação do Campus Nestlé, que teve por objetivo estimular um sentido de comunidade e de interação com a natureza. O Campus tem cerda de 22.000m2 e no exterior foram projetadas diversas zonas de lazer, uma pista de jogging, hortas e uma Garden Box, que se traduz num edifício modular e versátil com várias zonas de trabalho colaborativo, que atrai as pessoas para o exterior e introduz uma nova dinâmica de trabalho.
Que outros segmentos da arquitetura têm vindo a trabalhar?
O core do nosso trabalho está repartido pelas áreas de residencial, turismo e lazer e corporativo, mas trabalhamos todas as áreas da arquitetura. Para além disso, criámos recentemente a marca NOBK, que vem reforçar a nossa aposta nas áreas de design de interiores e mobiliário.
Depois de tantos projetos inovadores, considera que ainda há mais para “inventar”? Qual a vossa visão para o futuro?
Há sempre espaço para criar e inovar, e a arquitetura nisso é uma profissão muito gratificante. Na OPENBOOK estamos focados em desenhar espaços de qualidade que transformam a vida das pessoas, e a nossa visão para o futuro passa por aí, aliada a uma preocupação constante nas tendências e necessidades que vão surgindo e numa aposta clara no talento criativo e competência técnica da nossa equipa.
Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #141, de Maio de 2022
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