01.06.2022

À conversa com Arq.º Gilberto Pedrosa

01.06.2022

À conversa com Arq.º Gilberto Pedrosa

'Na génese da SPACEGRAM ficou assente a promessa de libertar os projetos das soluções de design mais esperadas ou recicladas, apostando sempre numa abordagem conceptual forte como mote do seu desenvolvimento'

De onde veio o interesse pela arquitetura?

O meu interesse por construir coisas nasce muito cedo, muito antes de saber o que trata de facto a arquitetura. Na oficina do meu avô, desenvolvi as minhas primeiras criações, de pequenas construções a objetos de brincar, como pequenas casas ou piões em madeira. Desde que me lembro, que quis ser arquiteto. Nunca quis ser polícia ou bombeiro ou outra das muitas profissões que em miúdos sonhamos ser. Sempre e apenas arquiteto.

Ana Ferrão, Bruno Pereira e Gilberto Pedrosa decidem criar a SPACEGRAM. De onde partiu a ideia deste projeto?

A SPACEGRAM nasce em Londres, num período em que nos encontrávamos todos a trabalhar lá. Reunimos experiências e formações distintas, mas a vontade conjunta de experimentar novas técnicas e abordagens na criação de projetos inovadores, capazes, por si só, de se revelarem experiências inesperadas. Na génese da SPACEGRAM ficou assente, para além de outras coisas não menos importantes, a promessa de tratar cada novo projeto como se fosse o primeiro, libertando-o das soluções de design mais esperadas ou recicladas e apostando sempre numa abordagem conceptual forte como mote do seu desenvolvimento.

Têm diferentes origens criativas. Como descreveria cada um de vós?

Sim, temos, de facto. E somos igualmente diferentes na abordagem aos temas, mas é nesta diversidade que encontramos o fio condutor da elaboração dos nossos projetos. A paixão da Ana pelo design e pela moda resultou na pesquisa e empenho pessoal sobre padrões, cores e texturas, que se articulam no desenvolvimento do trabalho criativo que fazemos no atelier. O Bruno interessa-se por descobrir novas formas através de design inovador com uma forte componente em experimentação através da modelação tridimensional. A mim interessa-me sobretudo a prototipagem e experimentação, na realização de design e arquitetura à medida, não convencionais e, por isso, inovadora.

O que vos trouxe a experiência internacional?

Bom, falamos de mercados de arquitetura diferentes nas suas dimensões e consequentemente também nos projetos. Equipas multidisciplinares, algumas de grandes dimensões, que permitem métodos de trabalho diferentes. Diferentes, de facto, sem serem obrigatoriamente melhores ou piores que os nossos. No entanto, a meu ver, sair da área de conforto é sempre importante no desenvolvimento pessoal, académico e profissional. Acredito que a rejeição de limites convencionais que impomos com naturalidade aos nossos projetos é o reflexo da nossa experiência em diferentes ateliers de diferentes países, com a respetiva diversidade de culturas, visão e métodos.

O vosso foco é o design. De onde vem esta paixão?

Não sei bem. Mas o desenvolvimento de projeto envolve muita dedicação e muitas horas e isso cria uma ligação forte, que, às vezes, é mais que uma paixão, é quase uma obsessão. Cada projeto tem as suas particularidades, mas de uma forma geral, procuramos o desenvolvimento do design do início ao fim, desde a investigação à criação do espaço, ou ainda de objetos personalizados que falem a mesma linguagem desse espaço. Procuramos oferecer uma experiência completa, articulando e personalizando de forma única todos os detalhes vinculados a um projeto. O nosso objetivo é criar ambientes espaciais de uma forma experimental e orientada para o futuro.

Espaços arrojados, experimentação e rejeição de limites convencionais… Fale-nos da vossa filosofia.

Gostamos de trabalhar com clientes ousados e que acreditam na importância do design inteligente, criativo, elegante e integrado, tanto quanto nós. Em todos os projetos tentamos introduzir uma lógica experimental, seja através de adaptações de processos industriais diferenciadores, seja no desenvolvimento/combinação de materiais. A arquitetura pode servir apenas a função básica de criação de resposta às necessidades. Mas deve ir um pouco mais além. Claro que isso será sempre na medida em que o cliente é recetivo a ideias que às vezes parecem demasiado ousadas, na medida em que desafiam os conceitos estabelecidos. E não podemos esquecer o contributo de clientes, também muito inovadores, e que muito nos põem à prova. O resto é trabalho e investimento da equipa na procura e desenvolvimento dos processos e dos parceiros adequados e com mentalidade para fazer diferente.

O vosso projeto de interior do restaurante Nómada Chiado, em Lisboa, integrou a shortlist dos FRAME Awards 2021, na categoria Hospitality/Restaurant of the Year. Como encaram este tipo de valorizações?

Não trabalhamos pelos prémios. Fazemo-lo pelo cliente e pela paixão que temos pela arquitetura. Mas este tipo de reconhecimento é muito gratificante. Ver o trabalho que desenvolvemos reconhecido é, sobretudo, o sinal de que estamos no caminho certo e que a dedicação, a entrega, e principalmente, a visão que temos e queremos para os nossos projetos, é reconhecidamente valorizável. E os clientes revêm-se também nesse reconhecimento, que é testemunho de que fazem a escolha correta quando acreditam no que podemos acrescentar ao projeto que querem concretizar.

Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #142, de Junho de 2022 

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