01.12.2022

À conversa com Engº Chrispin Kapalamula

01.12.2022

À conversa com Engº Chrispin Kapalamula

'Assegurar que o ambiente continua a ser uma preocupação central, que não é comprometido durante as obras (...) e garantir, sempre que possível, que seja restabelecido à sua condição, após a desmobilização, é uma função muito importante'

Fale-nos sobre a sua formação e percurso profissional.

Eu estudei Engenharia Civil na Politécnica do Malawi, uma faculdade da Universidade do Malawi, agora Universidade de Negócios e Ciências Aplicadas do Malawi (MUBAS). Como estudante de Engenharia, trabalhei para a CILCON Limited que é uma empresa que atua no ramo de Engenharia Civil e tem um historial sólido de obras de infraestrutura no Malawi. A Cilcon Limited é uma empresa que atua na atividade empresarial de Engenharia Civil, uma das maiores prestadoras de serviços em obras de infraestrutura do país. Tive a oportunidade de participar em alguns dos seus principais projetos de construção, nomeadamente na melhoria da estrada Lumbadzi – Dowa – Chezi; na reabilitação e manutenção de estradas pavimentadas em Lilongwe; e na reabilitação e manutenção das vias urbanas de Mzuzu. Trabalhei na atualização de uma estrada de terra para estrada de alcatrão e entretanto assumi, entre muitas outras, funções como a assistência em trabalhos de definição de pontos, verificação de cronogramas e fiscalização para construção de sargetas; e no controlo de qualidade dos materiais para construção de estradas. Trabalhei na manutenção e reabilitação de estradas pavimentadas selecionadas em Lilongwe; na fiscalização das instalações de drenagem e trabalhos de limpeza; e no supervisionamento de despejos, nivelamentos e revestimentos asfálticos. Na reabilitação e manutenção das vias urbanas de Mzuzu trabalhei como engenheiro ambiental e como auxiliar em projetos de superfícies rodoviárias (Chip – Seals); fiz também supervisão de revestimentos asfálticos; e elaborei relatórios periódicos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Assegurar que o ambiente continua a ser uma preocupação central e que não é comprometido durante as obras, através da monitorização do Plano de Gestão Ambiental (PGA), e garantir, sempre que possível, que seja restabelecido à sua condição após a desmobilização, é uma função muito importante. Entrei no CEAR como estagiário de Gestão em Engenharia Civil, em janeiro de 2012. Subi na hierarquia para Engenheiro regional, depois Engenheiro sénior, Gerente de Manutenção Ferroviária e, por fim, Engenheiro Mestre em 2019.

Enquanto Mestre em Engenharia Civil na Central East African Railways, quais são suas principais responsabilidades e funções? E quais são os maiores desafios e obstáculos no seu trabalho?

Na CEAR tenho como funções auxiliar o Gerente de Engenharia do corredor de Nacala na preparação de orçamentos anuais de projetos e planos de ação e de execução; identificar áreas que requerem melhorias em termos de disponibilidade e confiabilidade da linha férrea para garantir que a linha do CEAR-Malawi esteja sempre em boas condições; sou o principal interlocutor em questões técnicas entre CEAR-Malawi e empreiteiros de engenharia; e tenho de assegurar a conformidade de todas as atividades relevantes do projeto com CEAR-Malawi, tais como normas ambientais de saúde e segurança. Os maiores desafios passam pela disponibilidade de equipamentos e serviços para o tipo de trabalho especializado, como obras de pontes e outras obras ferroviárias, que torna algumas atividades impossíveis ou muito caras de executar.

O que é que a CEAR Malawi está a fazer agora?

Muitos projetos e atualizações de linhas ferroviárias estão a decorrer no momento, como a reabilitação de Nkaya Mchinji (400 quilómetros de linha férrea) e a reabilitação do Limbe Sandama (72 quilómetros de linha férrea). Em 2015, houve inundações que varreram o trecho Limbe Makhanga, impossibilitando a operação do comboio de passageiros. Sendo uma linha concessionária, foi necessário realizar obras de reconstrução e de restabelecimento da operação. Estamos também a construir a nova ponte sobre o rio Pengapenga, em substituição de uma antiga que apresentava problemas nas fundações. Na sequência do ciclone Ana e Gombe, que atingiu a África Austral, duas pontes ruíram e incapacitaram a linha e por isso estamos a construir as novas pontes de Mauzi e de Nanyangu. Temos muitos projetos de infraestrutura que vão melhorar muito a operação ferroviária e as redes de transporte em geral.

Como tem sido trabalhar com o BETAR?

A Betar tem sido fundamental na colaboração com o CEAR. Está a ser uma jornada maravilhosa. A empresa forneceu experiência em design e supervisão de construção de grandes projetos de infraestrutura no que diz respeito à rede ferroviária do Malawi.

O que espera para o futuro da empresa?

A CEAR tem um grande futuro e um enorme papel a desempenhar na economia do Malawi, como a ligação aos portos marítimos e aos principais centros de transporte. O Malawi é um elo estratégico na região da corporação de desenvolvimento da África Austral, uma vez que está geograficamente posicionado para ligar a Zâmbia, a RDC e o lado ocidental de Moçambique aos portos marítimos de Nacala e Beira.

Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #147, de Dezembro de 2022 

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