À conversa com o Geólogo Gabriel de Almeida
À conversa com o Geólogo Gabriel de Almeida
'Esta equipa foi sempre um grupo unido. A Geotest tem um bom quadro técnico, tem pessoas muito bem formadas, bons profissionais, que podem fazer sempre mais e melhor'
Porque escolheu a área da Geotecnia?
A minha formação de Geólogo não oferecia, ao nível académico, qualquer hipótese de escolha de uma área como a Geotecnia, pelo que o meu início de carreira profissional é feito nos moldes clássicos da Geologia, como investigador naturalista no Museu do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Mais tarde, após deixar estas funções, fui trabalhar na empresa Fundações Franki, cuja atividade exclusiva era a execução de estacas de fundação de estruturas, estacas especiais de patente própria, designadas por Estacas Franki. Este tipo de fundações requeria o reconhecimento específico e pormenorizado dos terrenos, pelo que dispunha de um setor desenvolvido de Prospeção e Reconhecimento Geológico-geotécnico, incluindo sondas de furação e laboratório adequado. Foi, portanto, nesta ocasião que, através de várias ações de formação, cursos de especialização em Portugal e no estrangeiro e, sobretudo, muita prática de trabalho de campo e laboratório, cheguei à especialização em Geologia de Engenharia, que constitui parte integrante da Geotecnia.
Durante os 20 anos que estive na Franki chefiei este setor de Prospeção. Após a falência da empresa tive atividade como Consultor de várias empresas nesta área, em projetos variados, bem como na Câmara Municipal de Lisboa, onde posteriormente fui Técnico Superior. Em simultâneo, fui Professor Auxiliar Convidado do Departamento de Geologia Aplicada da Faculdade de Ciências, onde se desenvolveu, durante os 20 anos de permanência, o ensino e formação na área da Prospeção Geotécnica, Geologia da Engenharia, Mecânica dos Solos e das Rochas bem como disciplinas afins, todas na área da Geotecnia.
Como é que surgiu a Geotest?
O aparecimento da Geotest resulta de um departamento de uma empresa de terraplanagens, em crescimento significativo, denominada Ropisa Lda. A sua direção técnica incluía o Eng. Vítor Pimentel – formado em Moçambique, onde participou em obras geotécnicas importantes, como a Barragem de Massingir – que terá levado a administração a ver vantagem em ter um departamento de reconhecimento, caracterização de materiais e controlo e fiscalização de obras geotécnicas. Este departamento veio a tornar-se uma empresa com autonomia, estendendo a sua atividade para outras empresas que solicitavam os seus serviços, que acabaria por chamar-se Geotest – Consultores Geotécnicos e Estruturais.
A fácil entrada da Geotest num mercado pouco sensibilizado para os problemas geotécnicos deveu-se, sobretudo, à reduzida existência deste tipo de prestação de serviços e à qualidade dos seus técnicos e processos, alguns introduzidos pela própria Geotest, incluindo tecnologias pouco habituais ou inexistentes. No entanto, a Geotest continuava na dependência da Ropisa, em termos de infraestruturas, apoio logístico e gestão de pessoal o que, com a falência da empresa, veio a resultar numa completa impossibilidade de manter o normal funcionamento e consequente execução dos trabalhos e serviço aos clientes.
Então como é que conseguiram recuperar nessa altura?
A recuperação da Geotest não foi tarefa fácil mas, devido ao bom nome e à capacidade de trabalho reconhecida no mercado, foi possível fazer uma associação com uma empresa de fundações conceituada, que não dispunha das valências que podíamos oferecer. Garantiram-nos instalações e proporcionaram meios para podermos retomar a atividade, de tal modo que, em dois ou três anos, conseguimos adquirir instalações próprias, no Olival Basto, atualizar equipamentos e viaturas e transformar a Geotest numa empresa saudável. Esta recuperação só foi conseguida à custa de muitos sacrifícios, com o esforço de toda a equipa de profissionais e técnicos, que se manteve unida, e pela total colaboração da Chefe de Laboratório, a Engª Teresa Marques Dias, que tinha Mestrado em Mecânica de Solos e desempenhou, além das suas funções laboratoriais, toda a gestão e direção de pessoal e técnica. Não se pode contar a história da Geotest sem falar dela.
Em 2009, a Geotest passou a pertencer ao Grupo Betar. Dada a sua experiência como Consultor, em que sentido considera que a Geotest deve caminhar?
Penso que os gestores devem fazer essa pergunta a si próprios. Não terei, pois, a veleidade de futurar e indicar um caminho. As obras geotécnicas são mais exigentes, estendem-se ao meio ambiente e às consequências das alterações climáticas e o mercado abre cada vez mais caminhos, com o uso de tecnologia diversa e métodos diferenciados. A Geotecnia mudou e é preciso diversificar e inovar para se distinguir no mercado.
Esta equipa foi sempre um grupo unido. A Geotest tem um bom quadro técnico, tem pessoas muito bem formadas, bons profissionais, que podem fazer sempre mais e melhor.
Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #169, de outubro de 2024
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