À conversa com Arqº Guilherme Godinho

À conversa com Arqº Guilherme Godinho
'É com grande alegria e entusiasmo que vemos o hábito [de tradição de proximidade às artes por parte de empresas] ser reinventado pela Betar; (...) acredito [que o Prémio José Mendonça] venha a ser um êxito e um marco futuro na vida cultural de Lisboa e do País'
Quem é Guilherme Godinho? Conte-nos a sua história e como descreve o seu percurso profissional.
O meu percurso profissional tem como base a arquitetura e a gestão urbanística, ocupando atualmente vários cargos em distintas empresas do setor imobiliário em Moçambique.
Que significado tem a arte para si? De onde vem a sua paixão pela arte contemporânea, tendo em conta que é colecionador?
A arte tem sido uma presença constante na minha vida; sempre gostei de museus, tendo estudado artes (história das artes), o que me permitiu estruturar o conhecimento e poder, mais tarde, começar a colecionar.
Fale-nos do projeto de colecionismo que criou, thegodinhocollection.
thegodinhocollection é um projeto que existe para combater a saudade, a distância e a frustração, que me permite uma contemplação diária e on-line das obras que fui adquirindo e que estruturei numa conta de Instagram com esse nome; é também um instrumento que tem permitido interações com artistas, colecionadores, amigos e curiosos, tornando-se numa ferramenta de comunicação muito expedita e eficaz.
Como recebeu o convite do Eng. Tiago Mendonça para ser comissário da primeira exposição organizada pela BETAR?
Lindamente; o Eng. Tiago Mendonça faz o favor de ser meu amigo há mais de uma década, temos alguns interesses comuns ao nível das artes, e em concreto no que diz respeito às artes plásticas, temos falado muito destes temas ao longo dos anos e surgiu a oportunidade no âmbito dos 50 anos da Betar; podemos chamar-lhe também a desculpa ideal para apresentar 15 jovens pintores portugueses com trabalhos muito diferentes.
O que acha deste tipo de iniciativas da BETAR? Uma empresa de engenharia civil com uma ligação tão forte à cultura não é comum…
Havia uma forte tradição de proximidade às artes por parte de empresas do setor imobiliário, essa relação foi-se perdendo e é com grande alegria e entusiasmo que vemos esse hábito ser reinventado pela Betar; esta exposição de homenagem ao fundador da empresa – o Eng. José Mendonça – inscreve-se numa iniciativa de novos patronos que importa promover.
Que critérios utilizou para a seleção dos 15 artistas que apresentam obras a concurso?
Os meus, ou seja: uma seleção criteriosa de artistas (pintores) under 33, com percursos distintos e com obras muito diversas, com o objetivo de termos 45 peças que possam que possam representar uma ampla panóplia da jovem pintura contemporânea nacional.
Considera que os jovens artistas têm o apoio que precisam para iniciar o seu percurso? Encontra muitas diferenças entre Portugal e Moçambique a esse respeito?
O início de uma carreira nunca será fácil e o início da carreira de artista inscreve-se nesse desafio.
Há alguns paralelismos entre Portugal e Moçambique, julgo que a formação e a prática servirão para reduzir essas eventuais diferenças.
Que perspetivas tem para a exposição?
Os objetivos são vários, estando desde já assegurado o compromisso da Betar de adquirir uma obra exposta a cada um dos cinco finalistas, participando cada um dos finalistas posteriormente numa residência na Guarda, com subsequente exposição e novo compromisso de compra de um quadro a cada um dos três vencedores.
Finalmente, institui-se o Prémio José Mendonça, que acredito venha a ser um êxito e um marco futuro na vida cultural de Lisboa e do País.
Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #154, de Julho de 2023
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