À conversa com o Engº Carlos Guerra
À conversa com o Engº Carlos Guerra
'Desde o início que apostámos em duas vertentes principais, a gestão de Obras de Arte e de pavimentos. São os ativos mais importantes e mais valiosos que temos. Precisamos de os ter em condições porque é a segurança que está em causa'
Fale-nos do seu percurso profissional e do cargo atual na Autoestradas do Atlântico (AEA).
Sou engenheiro civil, comecei a trabalhar como projetista de vias de comunicação. Em 1991 fui para a Brisa e em 1999 vim para a Autoestradas do Atlântico. Neste momento, na Autoestradas do Atlântico (AEA) existe a Direção de Operação de Infraestrutura, composta por três serviços, portagens, operação e manutenção, e eu sou responsável pelo serviço de manutenção, no qual se insere a gestão das Obras de Arte, pavimentos, sinalização, drenagem…
A AEA faz a exploração da A8 e da A15. Quais os maiores desafios?
É sempre preciso manutenção mas especialmente agora que estamos quase no fim da concessão, que termina em 2028. A AEA foi criada em 1998. Nessa altura herdámos metade da concessão, cerca de 80 Km, e construímos os restantes 90 Km, mais ou menos. Algumas obras já tinham alguns anos, por exemplo, a CRIL foi feita nos anos 80. Quanto mais antigas, mais atenção requerem, naturalmente.
Esta concessão é uma PPP da primeira fase. A responsabilidade do tráfego está do nosso lado, recebemos as portagens e temos de gerir esse dinheiro para as manutenções. Ou seja, se o tráfego diminuir, como aconteceu na altura da crise de 2008, temos de assumir esse prejuízo.
Qual a estratégia para ser uma empresa de referência na gestão de infraestruturas rodoviárias?
Desde o início que apostámos em duas vertentes principais, a gestão de Obras de Arte e de pavimentos. São os ativos mais importantes e mais valiosos que temos. Precisamos de os ter em condições porque é a segurança que está em causa. Quando a concessão foi criada, a Betar esteve no arranque da gestão das Obras de Arte, foi uma das apostas iniciais e sempre foi muito importante para nós, para garantir que nada falha. A Betar realizou vários projetos de Obras de Arte da própria concessão e tem feito sempre as inspeções. A nossa estrutura é reduzida, portanto temos de subcontratar, mas não na ótica do mais barato, preferimos criar parcerias. Assim como a Betar é responsável pelas Obras de Arte; para os pavimentos também temos uma empresa a colaborar connosco desde o início. Em quase todas as áreas temos um parceiro certo o que nos dá confiança. Tem sido uma boa estratégia.
Nos últimos 20 anos a Betar tem prestado serviços de gestão das obras de arte, fiscalização e inspeção. Como tem sido a colaboração?
A Betar percebe as nossas necessidades e ajusta-se a elas, que é algo que aprecio muito. Estão sempre disponíveis para participar nas soluções. Por exemplo, a determinada altura lançámos um desafio ao Eng. Tiago Mendonça: termos um sistema de gestão de pórticos de sinalização, à semelhança do sistema de Gestão de Obras de Arte (GOA). Não sei se foi por nossa causa ou não, mas a Betar criou o GOA Gestão de Pórticos que foi ao encontro das nossas necessidades e tem resultado com outros clientes. Temos uma colaboração muito próxima com bons resultados.
Como está a saúde das Obras de Arte na A8 e A15?
Está boa. São obras antigas e têm sempre uma patologia ou outra, mas de uma forma geral temos um parque bastante saudável. A vantagem das inspeções periódicas é que conseguimos atuar em antecipação, não estamos à espera que a obra tenha patologias graves para intervir, vamos sempre fazendo pequenos trabalhos para garantir boas condições. Os orçamentos nunca são ilimitados, é preciso gastar o dinheiro nos sítios mais adequados, e é aí que a Betar nos ajuda, sobretudo a conseguir atuar antes da obra chegar a um estado em que o investimento já teria de ser muito superior. Um dos problemas das grandes reparações é o condicionamento do tráfego, quanto mais complicadas as patologias, mais demorada a intervenção e maior a interferência com o tráfego.
Como avalia o sistema de gestão de obras de arte GOA?
Penso que fomos a primeira concessionária, depois da Brisa, a usar o GOA e neste momento está em quase todas. É uma mais-valia. No nosso caso, as inspeções estão adjudicadas à Betar, que carrega a informação no sistema. Nós podemos aceder à informação sempre que quisermos e fazer algum registo, o que não temos sentido necessidade porque a Betar está cá todos os anos. Faz as inspeções principais de 6 em 6 anos, a todas as obras, e inspeções de rotina ano sim, ano não, mas como é desfasado estão sempre por aí, o que nos dá maior segurança.
A AEA teve um impacto decisivo no desenvolvimento da região oeste e no turismo…
Sim, há muito turismo, o tráfego tem subido bastante, foi de facto um fator de desenvolvimento para a região, e às vezes sentimos essa pressão das próprias Câmaras Municipais. Esta zona está a mexer bastante, Óbidos, Nazaré, Peniche; e depois há muita gente que, por causa do teletrabalho, se mudou de Lisboa para aqui, principalmente até Mafra. Há também muitos estrangeiros a viver aqui, reformados que se instalaram nesta zona.
Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #161, de fevereiro de 2024
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