01.03.2024

À conversa com o Engº Pedro Januário

01.03.2024

À conversa com o Engº Pedro Januário

'A transformação digital e a incorporação de inteligência artificial nos nossos processos e decisões são já uma realidade mas acredito que, a curto prazo, sejam um fator determinante na diferenciação'

Fale-nos o seu percurso profissional e das suas responsabilidades atualmente.

Sou Engenheiro Civil, formei-me na FEUP em 1991. Quando terminei o curso trabalhei em projeto, a convite de um professor da universidade. Em 1993 comecei na Mota&Companhia. Iniciei a atividade na área do planeamento físico e mais tarde estive em várias obras da empresa com responsabilidades de produção. Até 1998, em Portugal, vivia-se uma fase de muitas obras públicas para a Expo’98 e após essa data começaram os processos das concessões rodoviárias em regime de PPP. A Mota-Engil liderou um consórcio de várias empresas portuguesas e participámos em vários concursos que culminaram na adjudicação de várias concessões rodoviárias, realizadas entre 1999 e 2013. Acompanhei todos esses processos de Concursos, Projetos e Produção. Em 2008 fui convidado para constituir uma Direção de Engenharia Rodoviária, que reunia todas as competências técnicas da empresa relacionadas com obras de infraestruturas rodoviárias. Em 2013 fui destacado para a Polónia, onde tive responsabilidades na administração da empresa e permaneci até 2020. Foi muito desafiante, novas pessoas, novas culturas, uma língua complicada… Quando regressei assumi a responsabilidade por uma Unidade corporativa de Engenharia e Serviços Técnicos, que presta serviços de apoio na gestão dos projetos e das operações a todas as Unidades de Negócio e geografias do Grupo. São essas as minhas responsabilidades atuais.

Quais são os maiores desafios do seu trabalho?

A Mota-Engil tem uma dimensão e dispersão geográfica muito grande, com atividades diversas, pelo que a resposta com qualidade e no prazo pretendido a todas as solicitações técnicas que nos chegam são os maiores desafios. As necessidades de apoio de serviços técnicos de engenharia são muitas e os recursos humanos disponíveis são limitados. O estudo das soluções técnicas mais adequadas a cada caso e a disponibilidade de toda a equipa para participação em projetos transversais ao Grupo, sejam de Inovação, Sustentabilidade ou Gestão de Risco, implicam desafios adicionais.

A Mota-Engil é uma empresa de referência na área de Construção e Obras Públicas. Como explica o sucesso?

O sucesso do Grupo está muito assente na diversificação de áreas de negócio que potencia o crescimento do volume de trabalho em cada mercado onde estamos presentes, apesar do negócio construção ser o vetor principal de crescimento. A presença em 3 continentes, com atividade em mais de 20 países, fazem com que a Mota-Engil seja uma referência na construção em muitos locais onde temos operações. Esta dispersão geográfica permite minimizar o impacto dos ciclos económicos e políticos no volume de negócios do Grupo. O compromisso com a Segurança no Trabalho e a Sustentabilidade Ambiental são outros fatores que contribuem para o sucesso. Obviamente, a estrutura acionista estável, e a recente entrada de uma grande empresa construtora chinesa no capital do Grupo, garantem o acesso a projetos de maior dimensão. As pessoas, o investimento em formação e a capacidade de retenção de talento são fatores críticos para o sucesso dos negócios e das organizações e penso que a Mota-Engil também aí se diferencia da sua concorrência. Creio que a conjugação de todos estes fatores é a chave para o sucesso.

Tem optado pela Betar como parceira em alguns projetos. Porquê?

O Grupo Mota-Engil tem uma longa ligação com a Betar, mais antiga e constante em África, como por exemplo em Moçambique. A Betar é uma empresa projetista com muita experiência, mais de 50 anos no mercado, e que, por conseguinte, nos dá garantias de competências muito diversificadas para responder aos nossos desafios como Construtores. Com quadros técnicos muito experientes e competentes, temos recorrido a consultoria essencialmente para projetos de Obras de Arte, Geotécnicos e Rodoviários. As mais recentes colaborações com a Betar têm sido em infraestruturas rodoviárias em África, caso de um Aeroporto no Ruanda, onde somos construtores, de um processo a concurso no Uganda e mais recentemente na Costa do Marfim. A Betar dá-nos garantias de cumprimento de prazos, capacidade técnica, e por isso é um parceiro que a Mota-Engil pretende manter em futuros projetos.

Quais as perspetivas para o futuro?

A transformação digital e a incorporação de inteligência artificial nos nossos processos e decisões são já uma realidade mas acredito que a curto prazo sejam um fator determinante na diferenciação e na qualidade da prestação de serviços técnicos. Os projetistas e consultores de engenharia, como a Betar, terão um papel fundamental de aceleração na implementação destas tecnologias, como é o caso da incorporação de processos BIM nos Projetos de Execução que produzem para os seus clientes. Projetos com utilização de softwares BIM, incorporando novas tecnologias, permitirão uma gestão da construção/exploração mais rigorosa e eficiente e serão fatores de diferenciação e sucesso das empresas construtoras e donos de obra.

Esta entrevista é parte integrante da Revista Artes & Letras #162, de março de 2024

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